A ATITUDE
O terreno de características morfológicas excepcionais, de pura paisagem natural, torna, para nós arquitectos, um enorme desafio, intervir sem ferir o lugar. Este é uma evidente preocupação a preservar.
Esta casa própria é uma resposta à sua localização: no alto da colina, com vistas esplêndidas sobre a Albufeira da Caniçada.
A sua implantação resulta da preexistência e da vontade de manter o lugar puro, como se nada existisse mas que tudo tenha, para habitar e desfrutar deste arrebatador lugar.
A IDEIA
A caixa de betão, enraizada na terra, cravada num muro existente, em pedra natural e local, uma “caverna”, é um espaço para se refugiar.
Com um esquema claro de distribuição: uma tira com espaços definidos do público ao privado, entrada, sala comum e cozinha, instalação sanitária, quartos. Todos estes espaços, com grandes vãos, janelas que emolduram a paisagem.
Esta caixa de betão interrompe-se no encontro com o muro, dando lugar a uma outra caixa em aço Corten perfurado, que gravita sobre o terreno, transmitindo assim leveza à “caverna”. Esta caixa de aço, como função, tem a de proteção contra intrusos, mas o mais importante e origem da sua existência é a relação, o fio condutor da aproximação de uma ideia construída com a Natureza. Não há material idêntico, que estabeleça tamanha relação com o natural. Permite também, e sendo aço perfurado, a entrada de luz, a sua projecção, como se punhais se trata-se, que rasga o espaço e construiu o tempo. Porque a arquitectura sem ideia e luz, não evidência.